terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Viagens e carros alugados Fiat Scudo

Como quase toda história que envolve aluguel de carros essa também começa em um aeroporto, no aeroporto Fiumicino em Roma. Não é tão grande quanto Orli (Paris) ou Frankfurt,  mas é suficiente para quando chegar na esteira as suas malas já estarem lá circulando.


Agora é só pegar as malas e ir ao balcão da locadora, chegando ao saguão do aeroporto é só seguir as indicações que conduzem por corredores com esteiras, elevadores e mais corredores. As esteiras, por sinal, são feitas para que o deslocamento ocorra mais rápido, não para ficar parado esperando chegar no outro lado.
Chegamos finalmente a um anexo onde estão os balcões de atendimento de várias locadoras. Retiro a senha e aguardo a chamada em companhia da minha esposa e "co-pilota".



Ao sermos chamados cumprimentamos a recepcionista em italiano, entrego o "voucher" junto com o passaporte e a habilitação, ela olha o passaporte e pergunta: "Which language do you prefer, Spanish or English?".

Porque todo mundo pensa que falamos espanhol, será devido a quase todo continente americano abaixo dos EUA falar espanhol.

Respondo "italiano, prego". Ela diz que vai verificar no computador que carros tem no estacionamento, diz que o sistema está lento, pede desculpas e pergunta que lugares pretendemos visitar na Itália. Minha esposa responde que vamos para o sul, Napoli. A atendente foi muito simpática, mantendo uma conversa amigável para passar o tempo. Logo após a resposta de minha esposa a atendente olha para mim e pergunta qual furgão eu prefiro. Disponíveis estão Temos VW Transporter, Citroen Jumper e Fiat Scudo. Já que estamos na Itália optamos pelo Scudo. Seguem oferta de GPS, explicações sobre números de emergência, assinaturas e pronto: é um furgão cinza, está no box 106 do segundo andar do estacionamento, a chave está nele.





Lá vamos nós e a bagagem por intermináveis corredores.Para a sorte dos locadores, a Avis colou adesivos no chão indicando o caminho até o estacionamento. Chegando ao estacionamento lá estava o Scudo tão cinza quanto carvão. Enquanto acomodo as bagagens no carro, observo que o para-choque traseiro é azul e não "cinza" como o carro. Falta uma calota, a lanterna traseira direita está quebrada, o para-lama dianteiro esquerdo amassado e cheio de arranhões. Pensei "Os carros da Avis não costumam ser assim, mas estamos em Roma e os motoristas romanos não são muito preocupados com os outros no trânsito."


GPS instalado, todos acomodados, vamos partir. Temperatura ambiente está em torno de treze graus Celsius. O motor pega imediatamente e emite a tradicional melodia espanhola, característica dos motores a diesel. Quando olho no pomo do câmbio para ver qual a posição da ré, vejo que o câmbio é de seis marchas, a marcha à ré se localiza ao lado da primeira e possui sistema de trava tipo seringa, como alguns modelos Chevrolet/Opel. Depois de duas ou três tentativas ela engata.

Manobrar nas apertadas vagas do estacionamento é dificultado pela porta traseira de abertura lateral dividida ao meio, faz com que quando se olha pelo espelho interno se veja uma larga coluna vertical. Agora é só descobrir por onde sair, pois até agora não vimos ninguém da Avis, só outras pessoas pegando os carros. Seguimos a sinalização de saída e chegamos a uma cancela com uma cabine onde uma pessoa confere o contrato e libera a saída. 



Pronto, agora é só sair do aeroporto e acessar o anel rodoviário que circunda Roma (cheio de saídas dentro de saídas) e seguir rumo a Napoli. O GPS está devidamente setado para evitar pedágios. A Itália tem uma grande malha de estradas não pedageadas  de pistas duplas e simples com asfalto razoável e bem sinalizadas (bem melhores que muita estrada com pedágio no Brasil).


Com o motor já devidamente aquecido me surpreende a ausência de ruído e vibração vindos do powertrain.Mais de uma vez parado em cruzamento fui conferir o conta-giros para certificar que não tinha morrido.

Após algum tempo de estrada, nos afastamos de Roma e o movimento diminui. Aproveito para consultar o computador de bordo (consumo e autonomia), exibido em um display no centro do painel.

A posição de dirigir um pouco mais baixa que a encontrada em outros furgões é semelhante à de mini vans. Os bancos são confortáveis, o volante de diâmetro pequeno possui ajustes de altura e profundidade, os pedais estão bem posicionados e a embreagem não cansa em trânsito pesado.


O bom torque em baixas rotações torna a condução bastante agradável, com o "cruise control" ligado mantém a velocidade em sexta marcha sem problemas em pequenos aclives. O câmbio, apesar de bem escalonado, apresenta certa dificuldade no engate da ré e sexta marchas. Quando se faz necessário reduzir da sexta marcha é melhor passar direto para quarta do que ficar tentando a quinta marcha, e a passagem de quinta para sexta precisa de um certo "jeitinho".



O quadro de instrumentos possui velocímetro, conta-giros, indicadores de combustível e temperatura analógicos, muitas luzes espia, o odômetro é digital e informa a condição do "cruise control"/limite de velocidade.

O limitador de velocidade é muito útil em áreas urbanas e estradas rurais, onde facilmente é ultrapassado o limite de velocidade. Após setar a velocidade desejada, não importa o quanto o acelerador seja premido, a velocidade se mantém constante.



O acabamento interno é bom, considerando a proposta do veículo: plásticos rígidos sem rebarbas, teto moldado em toda extensão com saídas de ar e comandos sobre a segunda fileira de bancos.

Com relação a segurança, o Scudo conta com ABS, controle de estabilidade e air bags frontais. A noite mostrou a boa iluminação dos faróis que contam com regulagem de altura.



Em vias de pavimento irregular e ao passar por remendos no asfalto se ouvem muitos ruídos dos revestimentos plásticos internos, dos painéis metálicos laterais e da porta traseira, apesar da baixa quilometragem  (25000 km).

Com pouco menos de cinco metros de comprimento é mais curto que uma pick-up média, sendo o uso na cidade tranquilo para quem está acostumado a carros como Ford Fusion e Dodge Journey, tendo menos de dois metros de altura entra sem problema em estacionamentos de shoppings e supermercados.

Nos 1200 km percorridos o consumo ficou em 6,5 L/km de diesel, com sete passageiros adultos e aproximadamente 180 kg de bagagem.


A devolução na Avis, exceto pela sinalização de entrada do estacionamento, não poderia ser mais fácil. É madrugada e o acesso à área da locadora está fechado, preso no portão estão cartazes escritos a mão em vários idiomas: "Buzine". Rapidamente surge uma pessoa, abre o portão, indica uma vaga e diz para deixar as chaves no carro. Pronto, devolução efetuada.

Agora é só caminhar por infindáveis corredores até o check-in.


Meu Canal do YouTube
Fiat Scudo


domingo, 7 de fevereiro de 2016

Viagens e carros alugados VW Transporter T5

Quando viajamos muitas vezes o transporte público não atende nossas necessidades, seja pela qualidade do mesmo ou disponibilidade de horários. Uma opção interessante é alugar um carro para esses deslocamentos.

As locadoras adotam o sistema de categorias de veículos, baseadas em tamanho, tipo de combustível, com câmbio manual ou automático, etc. Isso torna o ato de alugar um veículo uma loteria, pois quando você aluga com antecedência para não correr o risco ficar a pé, não sabe o veículo que vai retirar, pode ser qualquer um da categoria.

Para minha surpresa chego ao balcão da locadora Avis no aeroporto de Lisboa retiro a senha, locadora de aeroporto sempre tem fila, quando chega a minha vez apresento a reserva a funcionária, ela examina o voucher e diz: um momento vou verificar quais veículos temos no estacionamento, e rapidamente pergunta qual carro o senhor prefere, temos VW Transporter, Ford Transit, Fiat Scudo e por 21 euros a mais por dia, Mercedes Vito automático. Pensei um pouco, Fiat Scudo, não lembro dele, Ford Transit, faz uns cinco anos que dirigi um e não deve ter mudado muito, Vito, 21 euros a mais por dia, não obrigado, Transporter, o último que dirigi foi na década de 90, nem câmera digital eu tinha, vou de Transporter. Assinei o contrato e me dirigi ao estacionamento para pegar o furgão na vaga indicada, chegando no estacionamento ali estava o VW Transporter branco, os outros dois que aluguei anteriormente eram brancos (será que as locadoras só compram na cor branca, como no Brasil, placa de Belo Horizonte + cor prata = igual a carro alugado).

Abro o porta malas e começo o exercício para acomodar as sete malas, mais bolsas, mochilas casacos, etc.


Tudo organizado, ou quase tudo. Enquanto os demais membros da família (cinco) se distribuem pelos seis lugares nas duas fileiras traseiras de bancos, eu e minha esposa nos acomodamos nos bancos dianteiros, individual para o motorista e um outro banco para dois passageiros, revestidos em tecido, lembram os da linha Gol.

Coloco o meu GPS no para-brisa (sempre levo o meu garmin Nuvi, quando tentei usar o sistema de navegação do VW Sharan foi um desastre, mas isso fica para outro post), enquanto procuro uma tomada de força para alimentar o GPS vou observando o painel, posição dos comandos de faróis, espelhos elétricos, limpadores, piloto automático, rádio (minhas filhas prepararam uma pendrive com a trilha sonora para viagem e surpresa: o radio/CD não tem entrada USB).


Hora de acordar os cavalos. A temperatura está em torno de 10 graus centígrados e o motor turbo diesel pega facilmente com o ruído característico de castanholas, que desaparece depois de aquecer. Enquanto circulamos pelo labirinto que leva a rampa de saída do estacionamento, vou tomando intimidade com o carro, chegando a rua pude perceber quanta diferença em relação aos antigos T4, o volante de diâmetro pequeno, como de um carro, e caixa de direção rápida e leve tornam a condução confortável.

VW Transporter T4, 1995

VW Transporter T5, 2015


O motor possui bastante torque entre 1500 e 2000 rpm, associado ao câmbio de cinco marchas, bem escalonado, produz respostas adequadas ao tamanho e proposta do veículo, dando impressão de ter bem mais potência do realmente tem. Enquanto o GPS se localiza (quando foi desligado estava a quase 9000 km da posição atual) vamos devagar seguindo as placas e a minha cabeça vem lembrança do T4 que para arrancar com o ar condicionado ligado tinha afundar o pé no acelerador para o motor não morrer.

Assim que entramos na autoestrada vou aumentando progressivamente a velocidade e sentido o comportamento dinâmico, quem está acostumado com veículos maiores e mais altos não terá surpresas, ela cruza a velocidades de 110 km/h com muita tranquilidade, devendo-se ter maior atenção em dias de vento, pois ele é bem sensível a ventos laterais, No ótimo asfalto das autoestradas portuguesas não percebe-se ruídos oriundos da suspensão e da carroceria, associado ao baixo ruído do motor, pode-se conversa sem elevar a voz, é possível até ouvir rádio, embora a qualidade sonora do mesmo não seja das melhores.

Após algumas horas na estrada os bancos mostram-se não ser tão confortáveis, o volante desta versão não possui regulagens de altura e profundidade, o pedal do acelerador tem uma posição meio estranha e é muito duro, a embreagem também se mostrou cansativa no uso urbano, situação contornada com uso do "cruise control". O painel possui velocímetro conta-giros, marcador de combustível e termômetro de água, e indicador da marcha em uso e acende uma seta informando o momento de passar para uma marcha mais longa, aproveito o pequeno movimento na estrada para navegar pelas informações do computador de bordo: temperatura no exterior do veículo, consumo médio em l/100 km, consumo instantâneo, range, tempo de condução desde a última parada.


Ao deixar a autoestrada e circular por estradas onde o asfalto apresenta remendos e ruas de paralelepípedos a suspensão dianteira se mostrou bastante ruidosa, apesar da baixa quilometragem (apenas 30000 km), a carroceria por vez se mostrou silenciosa apesar do acabamento simples, o teto por exemplo dos bancos dianteiros para trás é revestido com uma espécie de papelão, lembra as laterais de porta da nossa kombi (VW T2).

O veículo alugado contava com vidros dianteiros elétricos, espelhos elétricos com desembaçador, travas elétricas (que não estava funcionando na porta lateral de correr), uma janela lateral corrediça de cada lada da direção da fileira central de bancos (ambas com os trincos de plástico, muito frágeis, quebrados, impedindo a abertura das mesmas),  ar condicionado integrado ao painel, aquecedor para os ocupantes das fileiras traseiras de banco, o comando é no painel logo abaixo do comando do ar condicionado, penso que VW ninguém mexeu no ar condicionado ou no aquecedor com o veículo em movimento, quando a quinta marcha está engatada quase não sobra espaço para acionar os botões.

Quanto a segurança possui freios a disco nas quatro rodas com ABS, controle de estabilidade, air bags frontais, auxilio de partida em rampas (sem nenhuma indicação que entrou em ação) descobri quando fui arrancar em uma lomba e furgão não queria sair e sistema start/stop.
Depois de aproximadamente 800 km, 50% em auto estradas (110 km/h), 40% em estradas vicinais (60-80 km/h) e o restante em cidade o computador de bordo registrou média de 6,7 l/100km ou 14,9 km/l, com sete adultos e bagagem.

A devolução no aeroporto de Lisboa foi muito fácil, chegamos por volta de seis da manhã, um funcionário fez uma inspeção rápida e em menos de dez minutos já estava a caminho do terminal de embarque.

Links:
Meu Canal do YouTube