Agora é só pegar as malas e ir ao balcão da locadora, chegando ao saguão do aeroporto é só seguir as indicações que conduzem por corredores com esteiras, elevadores e mais corredores. As esteiras, por sinal, são feitas para que o deslocamento ocorra mais rápido, não para ficar parado esperando chegar no outro lado.
Chegamos finalmente a um anexo onde estão os balcões de atendimento de várias locadoras. Retiro a senha e aguardo a chamada em companhia da minha esposa e "co-pilota".
Ao sermos chamados cumprimentamos a recepcionista em italiano, entrego o "voucher" junto com o passaporte e a habilitação, ela olha o passaporte e pergunta: "Which language do you prefer, Spanish or English?".
Porque todo mundo pensa que falamos espanhol, será devido a quase todo continente americano abaixo dos EUA falar espanhol.
Respondo "italiano, prego". Ela diz que vai verificar no computador que carros tem no estacionamento, diz que o sistema está lento, pede desculpas e pergunta que lugares pretendemos visitar na Itália. Minha esposa responde que vamos para o sul, Napoli. A atendente foi muito simpática, mantendo uma conversa amigável para passar o tempo. Logo após a resposta de minha esposa a atendente olha para mim e pergunta qual furgão eu prefiro. Disponíveis estão Temos VW Transporter, Citroen Jumper e Fiat Scudo. Já que estamos na Itália optamos pelo Scudo. Seguem oferta de GPS, explicações sobre números de emergência, assinaturas e pronto: é um furgão cinza, está no box 106 do segundo andar do estacionamento, a chave está nele.
Lá vamos nós e a bagagem por intermináveis corredores.Para a sorte dos locadores, a Avis colou adesivos no chão indicando o caminho até o estacionamento. Chegando ao estacionamento lá estava o Scudo tão cinza quanto carvão. Enquanto acomodo as bagagens no carro, observo que o para-choque traseiro é azul e não "cinza" como o carro. Falta uma calota, a lanterna traseira direita está quebrada, o para-lama dianteiro esquerdo amassado e cheio de arranhões. Pensei "Os carros da Avis não costumam ser assim, mas estamos em Roma e os motoristas romanos não são muito preocupados com os outros no trânsito."
GPS instalado, todos acomodados, vamos partir. Temperatura ambiente está em torno de treze graus Celsius. O motor pega imediatamente e emite a tradicional melodia espanhola, característica dos motores a diesel. Quando olho no pomo do câmbio para ver qual a posição da ré, vejo que o câmbio é de seis marchas, a marcha à ré se localiza ao lado da primeira e possui sistema de trava tipo seringa, como alguns modelos Chevrolet/Opel. Depois de duas ou três tentativas ela engata.
Manobrar nas apertadas vagas do estacionamento é dificultado pela porta traseira de abertura lateral dividida ao meio, faz com que quando se olha pelo espelho interno se veja uma larga coluna vertical. Agora é só descobrir por onde sair, pois até agora não vimos ninguém da Avis, só outras pessoas pegando os carros. Seguimos a sinalização de saída e chegamos a uma cancela com uma cabine onde uma pessoa confere o contrato e libera a saída.
Com o motor já devidamente aquecido me surpreende a ausência de ruído e vibração vindos do powertrain.Mais de uma vez parado em cruzamento fui conferir o conta-giros para certificar que não tinha morrido.
Após algum tempo de estrada, nos afastamos de Roma e o movimento diminui. Aproveito para consultar o computador de bordo (consumo e autonomia), exibido em um display no centro do painel.
A posição de dirigir um pouco mais baixa que a encontrada em outros furgões é semelhante à de mini vans. Os bancos são confortáveis, o volante de diâmetro pequeno possui ajustes de altura e profundidade, os pedais estão bem posicionados e a embreagem não cansa em trânsito pesado.
O bom torque em baixas rotações torna a condução bastante agradável, com o "cruise control" ligado mantém a velocidade em sexta marcha sem problemas em pequenos aclives. O câmbio, apesar de bem escalonado, apresenta certa dificuldade no engate da ré e sexta marchas. Quando se faz necessário reduzir da sexta marcha é melhor passar direto para quarta do que ficar tentando a quinta marcha, e a passagem de quinta para sexta precisa de um certo "jeitinho".
O quadro de instrumentos possui velocímetro, conta-giros, indicadores de combustível e temperatura analógicos, muitas luzes espia, o odômetro é digital e informa a condição do "cruise control"/limite de velocidade.
O limitador de velocidade é muito útil em áreas urbanas e estradas rurais, onde facilmente é ultrapassado o limite de velocidade. Após setar a velocidade desejada, não importa o quanto o acelerador seja premido, a velocidade se mantém constante.
O acabamento interno é bom, considerando a proposta do veículo: plásticos rígidos sem rebarbas, teto moldado em toda extensão com saídas de ar e comandos sobre a segunda fileira de bancos.
Com relação a segurança, o Scudo conta com ABS, controle de estabilidade e air bags frontais. A noite mostrou a boa iluminação dos faróis que contam com regulagem de altura.
Em vias de pavimento irregular e ao passar por remendos no asfalto se ouvem muitos ruídos dos revestimentos plásticos internos, dos painéis metálicos laterais e da porta traseira, apesar da baixa quilometragem (25000 km).
Com pouco menos de cinco metros de comprimento é mais curto que uma pick-up média, sendo o uso na cidade tranquilo para quem está acostumado a carros como Ford Fusion e Dodge Journey, tendo menos de dois metros de altura entra sem problema em estacionamentos de shoppings e supermercados.
Nos 1200 km percorridos o consumo ficou em 6,5 L/km de diesel, com sete passageiros adultos e aproximadamente 180 kg de bagagem.
Agora é só caminhar por infindáveis corredores até o check-in.
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Fiat Scudo